Desertificação no território nacional

10-01-2012 00:11

Em 2005 se afirmava o seguinte...

Desertificação já atinge 36% do Continente

por

Elsa Costa e Silva

 

Mais de metade de Portugal corre o risco de desertificar. No espaço de duas décadas, 66% do País pode transformar-se em solo árido, se nada for feito para inverter a situação que se vive na actualidade um terço do território continental encontra-se classificado como zona susceptível à desertificação.

A aridez dos solos atinge a totalidade do interior algarvio e o Alentejo. Nesta região, o fenómeno assume proporções quase dramáticas, na margem esquerda do Gua- diana, nos concelhos de Mértola, Castro Marim e Alcoutim. Mas a desertificação não está confinada ao Sul do País. Todo o interior raiano, do Algarve a Trás-os-Montes, está a ficar deserto, a nível de perda de potencial biológico dos solos. Mas não só. Também é humana a desertifiação do País.

Vítor Louro, coordenador do Programa de Acção Nacional pa- ra Combate à Desertificação (PANCD), aponta uma cadeia de factores que concorrem para o empobrecimento da terra. Desde logo a susceptibilidade natural de algumas regiões, aliada ao mau uso do solo, mas também os incêndios e reflorestações mal conduzidas. A seca severa, que este ano afecta Portugal, é mais um elemento a contribuir para um retrato pouco animador. João Corte-Real, da Universidade de Évora, embora recuse apontar as alterações climáticas como causa da falta de chuva, admite que o aquecimento global vai provocar períodos secos mais frequentes e longos.

A desertificação não se explica só por factores físicos. Os problemas socioeconómicos, que afastam as pessoas do interior para as cidades do litoral, deixam as terras ao abandono e indefesas perante os incêndios que devoram centenas de hectares e provocam forte erosão nos solos.

Um cenário assustador. Vítor Louro refere a dificuldade em de-senvolver acções de combate e mitigação da desertificação física do território "Em alguns locais escasseiam já os destinatários para as iniciativas." Um exemplo flagrante é o concelho de Mação, no centro do País, cuja sede está ironicamente situada a escassos 10 quilómetros de uma auto-estrada.