CONTRASTES DE DESENVOLVIMENTO

 
 
Países desenvolvidos e Países em desenvolvimento
 
 
 
 
 

De uma forma geral, os países desenvolvidos, também  designados ricos, do Norte ou industrializados, à exceção da Austrália e da Nova Zelândia,localizam-se  no hemisfério norte, enquanto os países em desenvolvimento, também designados do sul ou pobres ou do Terceiro Mundo, se localizam no hemisfério sul.

 

Nos Países desenvolvidos, a industrialização começou em finais do séc. XVIII e caracterizam-se pela existência de boas infraestruturas produtivas (nos quais a maioria da população se dedica a atividades dos setores terciário e secundário), pela existência de boas redes de transporte e de telecomunicaçoes. Os níveis de instrução e de qualificação profissional são elevados e a maior parte da população tem acesso a cuidados de saúde, serviços de educação e de segurança social de qualidade e o nível médio de rendimento é, de um modo geral, elevado.

  

          

 

Nos Países em Desenvolvimento a industrialização foi tardia, tendo começado na 2ª metade do séc. XX, onde a maior parte da população se dedica a atividades do setor primário (agricultura tradicional, pesca artesanal,...). Nestes países uma grande percentagem da população apresenta um nível de rendimento muito baixo, com profissões de fraca qualificação,encontra maiores dificuldades no acesso a água potável, problemas de alimentação, qualidade habitacional e também não dispõe de cuidados médicos ou de uma educação de qualidade, São países que enfrentam ainda problemas ao nível da segurança, do respeito pelos direitos humanos e ao nível ambiental. Verifica-se ainda, em muitos países, um forte êxodo rural e movimentos migratórios dos países do Sul para os países ricos do Norte.

Muitos deles enfrentam ainda crises humanitárias (pela privação de alimentação, abrigo, pela existência de riscos à saúde, privação à segurança ou ao bem-estar). Conflitos armados (guerras entre países ou guerras civis), epidemias, crise alimentar (decorrente de secas ou pragas) ou catástrofes naturais ( terremotos, inundações, tsunamis) presentes em muitos destes países como Serra Leoa, Sudão,Níger, Nigéria, Mali, Somália, Síria...) ajudam a agravar a situação precária em que se encontram.

 Editora Globo

 

 

Estes contrastes refletem o grau de crescimento económico e o grau de desenvolvimento dos países. Os países apresentam níveis de satisfação das necessidades básicas da população muito diferentes. Os principais obstáculos ao desenvolvimento prendem-se com a dificuldade de conseguir por em prática os direitos humanos, de acabar com a pobreza e de eliminar a diferença entre países pobres e ricos. 

 

Para estudar a diferença entre PD e PED e para os compararmos em termos de crescimento e desenvolvimento, recorremos a diversos indicadores.

  

 

Exemplos de indicadores simples

 

 

Indicadores compostos - incluem um determinado conjunto de indicadores simples considerados representativos, tentando-se abranger aspetos diversificados da realidade, de modo a melhor poder comparar/caracterizar diversas realidades a nível mundial.


Exemplos de indicadores compostos

 

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH): dá a conhecer, de forma circunstanciada, os valores dos três componentes do IDH: longevidade, educação (com dois indicadores) e rendimento.
 
Índice de Desenvolvimento Humano Ajustado à Desigualdade (IDHAD): O IDHAD vai mais longe do que as realizações médias em matéria de saúde, educação e rendimento de um país, refletindo a distribuição dessas realizações entre os residentes. O IDHAD pode  ser interpretado como o nível de desenvolvimento humano quando a desigualdade é tomada em consideração. 
 
Índice de Desigualdade de Género (IDG):  apresenta uma medida composta da desigualdade de género recorrendo a três dimensões: saúde reprodutiva, capacitação e participação no mercado de trabalho. Saúde reprodutiva é medida por dois indicadores: a taxa de mortalidade materna e a taxa de fertilidade adolescente. A dimensão da capacitação é medida pela percentagem de assentos parlamentares detidos por cada sexo, bem como pela percentagem da população, dividida por homens e mulheres, que concluiu o ensino secundário e superior. A dimensão do trabalho é medida pela participação das mulheres e dos homens na força de trabalho. Um baixo valor de Índice de Desigualdade de Género indica uma reduzida desigualdade entre mulheres e homens, e vice-versa
 
Índice de Pobreza Multidimensional (IPM): regista as múltiplas privações que as pessoas enfrentam em matéria de níveis de educação, saúde e vida. O Índice de Pobreza Multidimensional (IPM) mostra simultaneamente a incidência da pobreza multidimensional não relacionada com o rendimento (uma contagem per capita das pessoas em situação de pobreza multidimensional) e da sua intensidade (o número relativo de privações sobrepostas que as pessoas sofrem). Com base nos limiares de intensidade, as pessoas são classificadas como quase pobres, multidimensionalmente pobres e em situação de pobreza grave, respetivamente. Inclui-se o contributo das privações verificadas em cada uma das dimensões para a pobreza total. 

 

 


HAVERÁ DESENVOLVIMENTO SEM CRESCIMENTO ECONÓMICO? E O CONTRÁRIO SERÁ POSSÍVEL?

 

COMO SE MEDE O CRESCIMENTO E O DESENVOLVIMENTO?

 

Crescimento

O crescimento económico corresponde  ao aumento de riqueza de um país, ou seja, ao aumento da quantidade de bens e serviços produzidos numa sociedade num determinado espaço e período de tempo.

 

-É um fenómeno de natureza quantitativa

-traduz-se na produção de bens e serviços

-avaliado por indicadores económicos como o PIB e PNB,  o consumo de energia por habitante, a percentagem de população por setor de atividade

-não avalia o modo como a riqueza é utilizada para melhorar as condições de vida da população

 


Produto Interno Bruto (PIB): valor total de bens e serviços produzidos dentro das fronteiras de um país, independentemente de serem realizados por nacionais ou estrangeiros. PIB per capita - Produto Interno Bruto por habitante.

Produto Nacional Bruto: total de bens e serviços produzidos pela população nacional, no país ou no estrangeiro, durante, normalmente, um ano. Inclui as remessas dos nacionais que se encontram no estrangeiro e exclui o que a população estrangeira produz nesse país.

O consumo de energia reflete a situação económica de um país e o seu nível de  industrialização.
 
 

O crescimento económico pode traduzir-se numa melhoria do nível de vida mas não beneficia todos os seres humanos de igual forma, assistindo-se a um agravamento das desigualdades sociais. Durante décadas muitos países orientaram a sua economia para este modelo de crescimento económico com o objetivo de aumentar a produção nos diversos setores de atividade, sobretudo na indústria. No entanto, uns países enriqueciam rapidamente e noutros registava-se um aumento do número de pobres, sem acesso a necessidades básicas  (alimentação, saúde, educação, habitação).

 

             

Por exemplo, países exportadores de petróleo, como o Iraque, registam grande crescimento económico mas que está concentrado nas classes dominantes da sociedade, não havendo ainda um justa repartição da riqueza pela população.

 

Pode existir crescimento económico sem desenvolvimento, mas nunca desenvolvimento sem crescimento económico.

 

O crescimento económico é um meio para alcançar o desenvolvimento que pressupõe uma justa repartição da riqueza económica pela população.

 

 

Desenvolvimento

 

Só se pode falar em desenvolvimento se a riqueza for utilizada no beneficio de toda a população, refletindo-se na melhoria do seu nível de vida, na qualidade de vida e de bem-estar da população.

Devem considerar-se três principios básicos associados ao conceito de desenvolvimento.

- acesso de toda a população a um grau mínimo de satisfação das necessidades básicas;

- igualdade de oportunidades entre os indivíduos, independentemente da sua etnia, sexo, classe social ou região de origem;

- independência na tomada de decisões relativas ao desenvolvimento, não dependendo de modelos impostos do exterior.

 

-É um fenómeno de natureza qualitativa

-Mede-se pelo grau de satisfação das necessidades básicas de uma população, de modo a promover o seu bem-estar

- Considera o modo como a riqueza é utilizada para melhorar as condições de vida da população                

 

  

 

Desenvolvimento sustentável

 

O rápido crescimento demográfico, a delapidação dos recursos naturais e a degradação ambiental, levantaram a questão da necessidade de promover um desenvolvimento sustentável. 

      

 

O desenvolvimento sustentável procura satisfazer as necessidades presentes sem comprometer a satisfação das necessidades das gerações futuras.

  

 

 

 

ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO

 

Para medir o desenvolvimento utiliza-se o IDH, criado pela ONU, no âmbito do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento)

 

                                                                     IDH  

 

 

Dimensões que abrange e indicadores usados

Rendimento/padrão de vida digno ou condições de vida

Rendimento Nacional Bruto per capita  - convertido em paridade de poder de compra(PPC em USD) para eliminar as diferenças ao nível de preços nacionais.

Saúde e Longevidade Esperança média de vida

Instrução ou conhecimento
Anos de escolaridade esperados (número de anos de escolaridade que uma criança na idade de iniciar a vida escolar pode esperar receber)
Média de anos de escolaridade (número médio de anos de escolaridade recebidos por adultos a partir dos 25 anos)

 

O valor numérico aplicado a cada país varia entre 0 e 1, expresso em milésimas, com atualizações anuais.

 

Os países são classificados em quatro grupos:

Grupo que regista um desenvolvimento humano muito elevado – IDH superior ou igual a 0,800; 

Grupo que regista um desenvolvimento humano elevado –Valores de IDH entre 0,700 e 0,799; 

Grupo que regista um desenvolvimento humano médio - Valores de IDH entre 0,550 e 0,699;

Grupo que regista um desenvolvimento humano baixo – Valores de IDH inferiores a 0,550.

 

O valor do IDH não é quantitativo mas qualitativo, correspondendo ao grau de desenvovimento.

 

 

Contrastes na distribuição do IDH

 

                                         Classificação do IDH de 2013

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O IDH varia bastante de região para região.

Os países da América do Norte (EUA e Canadá), do sul da América do Sul (Chile e Argentina) da Europa do norte e centro e alguns países do sul, da Ásia (Japão, Coreia do Sul e alguns países da Península Arábica – Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos), Austrália e Nova Zelândia apresentam um IDH muito elevado.

Os países da África Subsariana e central e o Iémen, assim como países asiáticos como o Afeganistão, Paquistão, Nepal, Mianmar, Papua-Nova Guiné e Ilhas Salomão apresentam um IDH baixo.

 

 

      

 

 

    

  

 

 

                                 

 

Correção da Ficha de Consolidação de Conhecimentos

1.O mundo atual é marcado por fortes contrastes. Nem todos os países apresentam o mesmo nível de riqueza e de bem-estar da sua população. À exceção da Austrália e da Nova Zelândia, todos os países desenvolvidos, também designados ricos, do Norte ou industrializados, se localizam no hemisfério norte, enquanto os países em desenvolvimento, também designados do sul ou pobres, localizam-se no hemisfério sul. Nos PD a maioria da população dedica-se a atividades dos setores terciário e secundário; tem acesso a bons serviços de educação, saúde, segurança social e o nível médio de rendimento é elevado. Nos PED a maior parte da população dedica-se a atividades do setor primário (agricultura tradicional, pesca artesanal, ...). Nestes países uma grande percentagem da população apresenta um nível de rendimento muito baixo, não tem acesso a água potável nem a uma alimentação satisfatória e também não dispõe de cuidados médicos ou uma educação de qualidade. As catástrofes naturais e a instabilidade política e social que é vivida em muitos destes países (Serra Leoa, Níger, Mali, Somália, Síria, ...) ajudam a agravar a situação precária em que se encontram.

 

2.O acontecimento histórico foi a RI (Revolução Industrial).

 

3.Crescimento económico - processo que conduz ao aumento da produção de bens e de serviços e que se reflete no aumento do consumo e do nível de vida da população. Não reflete o modo como a riqueza está distribuída pela população, sendo apenas um fenómeno de natureza quantitativa. O crescimento económico é um meio para alcançar o desenvolvimento que pressupõe uma justa repartição da riqueza económica pela população.

 

4.O crescimento económico nem sempre é sinónimo de desenvolvimento. Tem de ser visto como um meio para atingir o desenvolvimento, não um fim em si mesmo. Um país rico, em que apenas um pequeno número de pessoas beneficia dessa riqueza e em que a maior parte da população vive com grandes carências ao nível da alimentação, da habitação, da saúde, da educação, do acesso à água potável e ao saneamento básico, ...., não pode ser considerado um país desenvolvido. Quando um país adota um modelo de crescimento económico podem surgir problemas a degradação do ambiente provocada pela intensa poluição atmosférica; delapidação e esgotamento dos recursos e intensificação dos contrastes sociais.

(Por outro lado também há fatores que favorecem o crescimento nos países desenvolvidos, são: Riqueza acumulada que é aplicada nos diversos setores económicos, no próprio país e no estrangeiro; - Grande produtividade agrícola e industrial que assegura as exportações; - Grande desenvolvimento do setor dos serviços; - Mercado interno muito desenvolvido, graças às técnicas de marketing e de publicidade; - Investigação científica e desenvolvimento tecnológico, aplicado na melhoria da produção e na qualidade dos produtos; - Recursos humanos com elevado grau de instrução e de qualificação profissional, abertos às inovações).

 

5.Desenvolvimento é um conceito de natureza qualitativa, uma vez que se traduz no processo que conduz à melhoria do bem-estar e da qualidade de vida das populações (de todos e não apenas de uma minoria). Quando o crescimento económico se reflete no nível de vida das populações, ultrapassando a sua vertente meramente económica e se estende à esfera social e cultural, melhorando os níveis de educação e formação profissional, assegurando à população cuidados de saúde essenciais e elevando os padrões de habitação, emprego, segurança social, igualdade de oportunidades a todos os cidadãos…, então, o crescimento é pleno, podendo ser entendido como um processo de desenvolvimento mais harmonioso. É assim um conceito que resulta da satisfação das necessidades básicas do ser humano, mas que pressupõe, igualmente, a sensação de segurança, de integração social, de liberdade e a qualidade do ambiente.

6.Desenvolvimento sustentável significa: “Atender às necessidades da atual geração, sem comprometer a capacidade das futuras gerações em prover suas próprias necessidades ”Isso quer dizer: usar os recursos naturais com respeito ao próximo e ao meio ambiente. Preservar os bens naturais e à dignidade humana. É o desenvolvimento que não esgota os recursos, conciliando crescimento económico e preservação da natureza.

 

7.a- Indicadores de ordem económica: PIB per capita, RNB per capita, consumo de energia;; b – indicadores de ordem demográfica: Taxa de mortalidade infantil, esperança média de vida, ...; ; c- Indicadores de ordem sociocultural: taxa de analfabetismo, taxa de alfabetização, número de habitantes por médico, % de população com acesso a água potável ou ao saneamento básico, etc.; 

d-indicadores políticos (reconhecimento dos direitos humanos; reconhecimento dos direitos da criança; existência/ não existência da pena de morte; grau de participação na vida política); e- Indicadores ambientais emissões de CO decorrentes da utilização de energia; concentrações atmosféricas, dos gases de efeito estufa; taxa de desflorestação.

 

8.

8.1   IDH – Índice de Desenvolvimento Humano.

 

8.2   Organização das Nações Unidas (ONU), no âmbito do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).

 

8.3    

 

8.4   Os indicadores utilizados no cálculo do IDH são a esperança média de vida, o Rendimento Nacional Bruto per capita, os anos de escolaridade esperados e a média de anos de escolaridade.

 

8.5   As dimensões da vida humana avaliadas pelo IDH são nível ou padrão de vida digno, Saúde e Longevidade e Instrução ou conhecimento.

8.6    

8.7    

8.8    

8.9    

 

9.Uma vez que o IDH é uma média nacional não reflecte as desigualdades entre grupos sociais, sexo, etnias, regiões, …. Assim, o IDHAD vai mais longe no que diz respeito à saúde, educação e rendimento de um país, refletindo a distribuição dessas realizações entre os residentes. 

 


Conceito a Reter

 

Nível de vida - conceito ligado ao nível de rendimentos obtidos. Está associado à capacidade de aquisição de bens materiais, relacionando-se com o salário médio. O crescimento económico é medido por indicadores económicos como o Produto Interno Bruto per capita (PIB/hab.), o Produto Nacional Bruto per capita (PNB/hab.), o Rendimento Nacional Bruto per capita (RNB/hab.), o consumo de energia por habitante, a % de população por setor de atividade, consumo de energia, etc. Estes indicadores apenas servem para medir o grau de riqueza de um país e não dão uma ideia do desenvolvimento e do bem-estar da população desse território.